Design é inovação, é indústria criativa. Se nos distanciamos dessa visão de futuro, somos engolidos.
Degradação do planeta, estados totalitários, desigualdade, caos, solidão. Se quisermos um vislumbre de futuros “não desejáveis”, há muitos filmes, documentários e livros de ficção científica para isso. Mas qual é o futuro que queremos e como chegamos nele?
Esse é um exercício que fazemos sempre na Refinaria. O design de futuros desejáveis – conceito que vem sendo utilizado por empresas, governos e instituições para construir o futuro almejado por eles – parte do princípio de que nós, seres humanos, somos os designers de nossas vidas e, portanto, podemos projetar o futuro que queremos para a sociedade.
“Tomamos isso para nós desde sempre. Temos esse sentimento de inadequação, uma necessidade de olhar para a frente. Sempre nos colocamos neste lugar de designers do nosso futuro, sendo atuantes e ativos nesta construção”, destaca a designer Valerie Tomsic, sócia da Refinaria Design. “Foi isso que fizemos quando, no momento certo, nós, que temos o design editorial em nossa essência, tomamos a decisão de migrar para o digital. Foi isso que fizemos novamente esse ano quando mergulhamos no marketing digital, já entendendo que se a gente quer persistir no design, precisaremos sempre subir de nível para preencher novas oportunidades”.
Para Valerie, em vez de aceitar teorias de futuros que estão sendo propagadas, precisamos pensar em oportunidades, problemas e propostas que podem nos ajudar a chegar em um futuro desejável melhor para todos:
“Assim, podemos ter um olhar carinhoso para o futuro e não um olhar desastroso. Nós achamos que é, sim, possível. Quando a gente vê as novas gerações mais preocupadas com a preservação do meio ambiente e saindo do discurso para a prática. Quando a gente entende que a automação dos meios de trabalho pode não ser uma inimiga e que pode criar novos tipos de trabalhos, mais qualificados, em que ser humano será o diferencial do ser humano”.
Essa curiosidade em relação ao que vem por aí, acrescenta Valerie, é um motor para a Refinaria:
“A gente de fato faz o exercício da futurologia o tempo todo. Claro que às vezes fazemos apostas erradas e precisamos fazer ajustes nessa caminhada. Mas se a gente tivesse se acomodado num presente que paga as contas, num entendimento de que somos bons no que fazemos e não precisamos mudar, não teríamos uma empresa sustentável. Até porque design é inovação, é indústria criativa. Se nos distanciamos dessa visão de futuro, somos engolidos”.
A designer ressalta que é preciso tomar cuidado com a “nostalgia tóxica”, que faz com que a gente fique o tempo todo olhando para o passado com romantismo:
“Claro que temos aprendizados do passado, mas evoluímos e, se temos fé na evolução, paramos de achar que tudo ‘na nossa época’ era melhor. A ‘nossa época’ é agora”.