Uma exposição é a materialização de um enredo, um jeito de contar uma história de maneira a provocar o espectador e aguçar sua sensibilidade para estabelecer conexões que potencializam seu processo de aquisição de conhecimento.
“Toda exposição tem como propósito que o visitante saia uma pessoa diferente da que era quando entrou”, resume a designer Rafaela Wiedemann, ao falar sobre Design de Exposições.
A concepção e a montagem de exposições faz parte da essência da Refinaria desde que Rafaela e a sócia, Valerie Tomsic, eram estudantes de design. Elas se conheceram na organização da 1ª Semana Carioca de Design, em 1991, quando um grupo de estudantes de diversas universidades do Rio decidiu dar visibilidade ao design, expondo trabalhos que expressavam linguagens visuais variadas na estação de metrô Carioca.
Dois anos depois, o evento se repetiu e a relação das designers havia evoluído tanto que, em 1994, elas foram convidadas para fazer a exposição “O Traço”, do trabalho de cartunistas brasileiros, no Espaço Cultural Sérgio Porto. Em seguida, a Comic Mania, sobre o mundo das histórias em quadrinhos, no Castelinho do Flamengo e “Mad 20 anos”, do cartunista Ota, no Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB).
Desde então, não pararam de atuar nessa área, fazendo o design de exposições em diferentes espaços do Rio, como Centro Cultural Light, Biblioteca Nacional, Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), Museu do Índio, Planetário da Gávea, Sebrae e Academia Brasileira de Letras.
Para as designers, o Design de Exposições é a materialização de um enredo, um jeito de contar uma história de maneira a provocar o espectador e aguçar sua sensibilidade para estabelecer conexões que potencializam seu processo de aquisição de conhecimento.
“É um diálogo entre espaços, objetos, imagens, cores, luzes e linguagens de apoio. Assim, o trabalho envolve o estudo do percurso do visitante, a iluminação, a sonorização, o planejamento de todos os suportes utilizados para expor os objetos e os conteúdos, incluindo recursos audiovisuais e a sinalização”, observa Rafaela, destacando que os espaços culturais estão em fase de transformação. “As experiências sensoriais nas exposições vêm sendo usadas como o elo que dinamiza a interação entre o acervo que se expõe e o público, mas desde o início já tínhamos esse olhar”.
Um marco na trajetória da Refinaria foi a exposição interativa “Organizações Tabajara” (2002), no shopping Rio Sul. Era a comemoração dos 10 anos do humorístico “Casseta e Planeta Urgente!”, da TV Globo, e as invenções mirabolantes apresentadas no programa se tornaram reais: “Nessa ocasião, em vez de sermos convidadas para fazer a exposição, nós a idealizamos e apresentamos à equipe do Casseta. Os produtos Tabajara estavam lá de verdade e o público pôde conhecê-los e testá-los. Foi um sucesso de público, com mais de 30 mil visitantes”.
Foram da Refinaria algumas importantes exposições culturais realizadas no BNDES, como por exemplo, a “Rio de Janeiro & Buenos Aires – Duas Cidades Modernas – Fotografias 1900 – 1930”, na qual foi reproduzido um autêntico café portenho. A “Mar do Inconsciente – A Imagem como Linguagem”, que reunia pinturas, xilogravuras e modelagens produzidas pelos pacientes com esquizofrenia da Casa das Palmeiras e do Museu de Imagens do Inconsciente, frutos do trabalho da psiquiatra Nise da Silveira e tinha como destaque uma obra do Bispo do Rosário. Já a exposição “Um passeio pelo patrimônio do Rio” convidava o visitante para percorrer um caminho por tesouros do patrimônio brasileiro através de objetos, reproduções e obras cedidas por igrejas, museus e prédios públicos.
“Ficamos fascinadas pela missão de mergulhar profundamente em universos absolutamente novos para nós. Isso é imprescindível para realizar um trabalho de exposição e para nos inspirar no dia a dia da Refinaria Design”, destaca Rafaela.